Os desafios que o século XXI põe aos programas de educação

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Para encontrar um posto de trabalho satisfatório neste século XXI, será necessário dar logo atenção aos programas de estudos, à qualidade do ensino, e aos métodos e processos de avaliação dos alunos e seus professores.

Um número crescente de empresários, políticos e educadores está unido à volta da ideia de que os estudantes precisam de “competências próprias do século 21” para terem sucesso na vida. Os ventos da profissão e do emprego mudaram, conforme mudaram os requisitos, os modos de trabalhar, e as exigências deste mundo global e tecnológico.

Contudo, nem todas as competências terão de ser novas.

Pensamento crítico e poder de resolução de problemas, por exemplo, têm sido componentes do progresso humano através da História, desde o fabrico das ferramentas mais primitivas aos avanços na agricultura, à invenção das vacinas, à exploração da terra e do mar.
Competências como literacia de informação e cultura geral, já não são novas, pelo menos entre as elites. Também não é nova a necessidade de acumular diferentes tipos de conhecimento, desde o nível dos factos à análise mais complexa.

O que é certamente novo é o ponto a que chegaram as mudanças na nossa economia e no nosso mundo, as quais dependem de níveis novos de competências para atingir realmente o sucesso individual e colectivo. Se é verdade que muitos dos nossos estudantes possuem já essas competências por, de várias formas, terem frequentado escolas de elite, ou porque tiveram grandes professores, também é verdade que muitos estão à mercê da sorte em vez dum sistema escolar desenhado para corresponder às novas realidades.

Se queremos um sistema educativo público mais equitativo e eficiente, certas competências que têm sido apanágio duns poucos, deverão tornar-se universais.
O que é preciso fazer?
O conteúdo já não é a prioridade.

Os meios utilizados para obter/saber informação são agora muito mais importantes que a própria informação.

O debate não se concentra no conteúdo versus competências. Concentra-se antes no modo como resolver os desafios relativos à transmissão do conteúdo e das competências de tal maneira rica que genuinamente melhore o aproveitamento dos estudantes.

Para isso, três componentes são necessários: primeiro, os educadores e os legisladores devem garantir que o programa de instrução seja completo e que o conteúdo não sofra para se conseguir uma aquisição efémera de competências. Segundo, as instituições competentes precisam de renovar o modo como pensam do capital humano em Educação – em particular como se treinam/formam os professores. Terceiro, precisamos de novos testes que possam medir com precisão uma aprendizagem mais rica e tarefas mais complexas.
Estes três componentes devem ser implementados conjuntamente. De contrário, a reforma seria superficial e contraprodutiva.

Programa de Estudos Melhor
(Melhor Curriculum)
Muitas pessoas pensam que competências e conhecimento são duas realidades separadas. Mas na verdade são ambas interligadas. Sabemos, por exemplo, que temos uma determinada competência de pensamento, mas, para a usar, precisamos do conhecimento do conteúdo em causa.

Sem conhecimento do conteúdo, muitas vezes não podemos aplicar as competências devidas.

Devemos planear o modo de ensinar competências no contexto do conhecimento dum conteúdo em particular, e tratar ambos com igual importância.

Melhor Docência/Ensinar Melhor
Maior ênfase nas destrezas/habilidades/competências tem também implicações importantes na formação dos professores. Os que defendem a reforma do século XXI, sugerem métodos centrados no estudante – por exemplo, aprendizagem baseada em resolução de problemas e aprendizagem baseada em projectos – o que permite ao estudante colaborar, trabalhar em problemas autênticos, e envolver-se com a comunidade.

Estes métodos naturalmente exigem que o professor seja competente numa variedade grande de tópicos, e que esteja preparado para fazer decisões pertinentes no momento, enquanto a lição prossegue.

A reforma que se precisa evidentemente que supõe uma maior colaboração entre os professores. Estes naturalmente necessitam de tempo para partilhar conhecimentos e estratégias de ensino.

O apoio tecnológico, na sua mais variada gama de recursos, impõe-se também como bordão indispensável desta jornada reformadora.
O desenvolvimento profissional insere-se aqui nas suas mais diversas formas de ação de formação.
Sem dúvida que os docentes necessitam dum treino robusto que inclua planos de lição específicos que vão de encontro às altas exigências cognitivas do programa e dos alunos, e ao mesmo tempo seja também treino para lidar com situações próprias dos métodos de ensino centrados no estudante.

Para que tudo isto resulte positivamente, será necessário considerar os processos mais adequados de recrutamento, seleção e dispensa de serviços dos mesmos docentes.

Testes Melhores
Se investirmos na reforma do curriculum e do capital humano, evidentemente que teremos de reformar os métodos e materiais utilizados para avaliar o que se está a realizar e a efectuar na sala de aula. Para se conseguir este objectivo o melhor é haver uma estratégia concertada entre os vários sectores do ensino, público, privado e filantrópico – incluindo um plano intensivo de investigação e desenvolvimento.

Dionísio DaCosta
Dionísio DaCosta

Um Caminho Melhor, mas mais Difícil
Queremos ensinar os nossos estudantes a pensar, a trabalhar colaborativamente, e a utilizar com maior rigor a informação aprendida. Este é um objectivo de grande dimensão que requer a colaboração de todos os quadrantes da sociedade, desde os pais, os professores, administradores escolares, aos líderes comunitários, politicos, aos investigadores e outros especialistas.
Desde algumas décadas se tem observado grande progresso na reforma educativa aqui nos Estados Unidos – progresso que tem sido de benefício especialmente para os alunos mais carenciados. A reforma que se precisa hoje poderá ser fundada nesse progresso.

Esta reflexão baseia-se em trabalhos desenvolvidos por Andrew J. Rotherham e Daniel Willingham.

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