DO VELHO MUNDO À TERRA NOVA ALCANÇADOS PELA MISERICÓRDIA

Romeiros

Estamos a viver um tempo muito diferente daquele que nos antecedeu.
“A Praça”, lugar central da vida das nossas comunidades, mudou-se para o mundo digital. E hoje damos notícias, vemos e somos vistos através dos comentários e dos likes que trocamos no “Facebook”.

A Praça tornou-se digital e muito maior que o espaço físico e identificado no centro das nossas vilas e cidades.

Nesta era da comunicação, a palavra escrita parece passar para segundo plano, e ganha cada vez maior visibilidade a televisão e o ecrã do computador que nos colocam a para de tudo e ao mesmo tempo nos isolam do contacto físico com a realidade e com o mundo. Deste modo podemos não saber ou conhecer quem vive na casa do lado, mas ouvimos os detalhes acerca do último atentado e estamos a par da última moda.

Vendo as coisas assim deste modo, é curioso observarmos o quanto as pessoas de um modo geral vivem numa superficialidade e numa felicidade volátil.
Neste sentido o Papa Francisco seguindo a linha dos seus predecessores. Tem alertado para o perigo que esta forma de viver acarreta para cada um de nós.
Esta cultura do impessoal e do individualismo absurdo faz com que comuniquemos sem nos conhecermos ou entrarmos em contacto físico com o “outro”. Temos tanto medo da reação do “outro” que procuramos protegermo-nos do eventual mal que ele nos possa causar. Este medo e este receio do “outro” parece hoje limitar a nossa relação para com Deus.

O Homem de hoje parece temer o Absoluto e o divino que tanto o assusta, como o fascina.
Perante este estado de coisas torna-se imperativo perceber o que se entende por “temor de Deus” que identificamos como sendo um dos dons do Espirito Santo.
Agora que estamos a viver neste mês de Março, o tempo quaresmal que nos vai levar ate à Páscoa, e durante o qual as romarias da quaresma assumem um protagonismo incontornável na Igreja Micaelense e por consequência aqui nas comunidades da Nova Inglaterra.

Quando se iniciaram, as romarias eram um pedido suplicante dirigido à misericórdia de Deus, e estavam profundamente enraizadas no temor da ira divina, que segundo o seu entendimento de então, se abatia sobre os homens na forma de terramotos e outras catástrofes. Hoje, muito longe desse antigo pensar, as romarias são um tempo de intervalo na vida rotineira de todos os dias, são um espaço de encontro do homem com Deus. Na romaria não vale tanto o irmão individualmente falando, mas a união dos irmãos que caminham com um propósito comum, e buscam para si e para todos os outros, a misericórdia de Deus.

Padre-Luis-Garcia-Dutra
Padre Luís Garcia Dutra

Neste ano consagrado de modo especial à misericórdia de Deus, procuremos elevar para Ele o nosso pensamento e as nossas orações para que o homem de hoje conheça não apenas a grandeza da misericórdia de Deus, mas também a necessidade que todos nós temos dela.

As romarias, e as devoções que cada um de nós tem, são aquilo que normalmente designámos como atos de piedade. Esses atos, por mais simples que sejam, expressam a nossa relação para com Deus e levam-nos ao encontro do seu coração de Pai misericordioso.

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